Há um silêncio que nos berra ao ouvido: ACORDA. Uma dor que não cede, que nos toma as vísceras a extirpar até a última gota de sangue, ninguém permanecerá impune. Todos chicoteados no tronco das nossas próprias apatias. Entenda, você é culpado, culpado! Nessa Masmorra, apodreceremos pela insensatez das bocas caladas. Nem Deuses, nem demônios salvarão a humanidade perdida na obscura ideia de desistência, d-existência, não-existência, vácuo, vazia. E desistimos do mundo ao desistir do homem, zumbis de consumo, compramos tudo, menos alma, menos poesia. Aqui o terror, a face-verdade de quem somos ou nos tornamos. Daniel mostra sem medo o palco da descrença, maldade em que atuamos. O Poeta, em sua visão cáustica, não deixa escapar nada que corrói a relação do homem com ele mesmo e do homem com o outro e com a natureza. Desvela a estupidez e a inércia humana; e nos instiga a pensar quem somos quando encolhemos os ombros e baixamos a cabeça nesse vai e vem pendular do ego e submissão. Masmorra não é para os menininhos medrosos e para as mocinhas da superfície. Um livro para ler atento, longe de penhascos, pois não duvide, aqui ninguém escapa dos seus próprios abismos. Uma poesia inédita de Masmorra:
Brumadinho
Sonhos soterrados
Na lama bruta,
Bocas silentes
Em atemporal terror.
Não há deuses
Entre os escombros.
As carnes dormem
Na lama eterna
Que afogam vidas
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Graziela Brum é de Arroio Grande/RS. Escritora. Idealizou o projeto literário Senhoras Obscenas, o qual coordenou junto com a historiadora Adrianá Caló. Participou do coletivo Escritorxs de Quinta, venceu o concurso ProAc categoria romance com o texto “Fumaça”. Publicou com Editora Lumme “Vejo Girassóis em você”. Escreve o romance Jenipará publicado pela Editora Reformatório.
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