top of page
  • Ricardo Pozzo

Estudo sobre escatologia


[ Photo: Generative Al by Vani Gupta ]


A princípio, este espaço será usado como um estudo, ou melhor, exercício de escatologia, ou seja, a doutrina que trata do destino final do homem e do mundo ou simplesmente a doutrina do fim das coisas e que pode apresentar-se no discurso dos textos sagrados proféticos ou no contexto apocalíptico [em seus aspectos mitológicos, acrescentaria eu, por conta e risco] .


A escatologia está inexoravelmente inserida na 2° Lei da Termodinâmica elaborada por sir Isaac Newton, em seus passeios pelos jardins de Cambridge.


Quer saibamos ou não, uma Nova Era se iniciou a partir do 16 de julho de 1945 com o primeiro teste atômico do Projeto Manhattan em White Sands, Novo México. A partir dessa explosão e além das explosões contra Hiroshima e Nagasaki, foram realizadas 2050 detonações atômicas em todo planeta até 1998, o ano da assinatura do Tratado de Não Proliferação de Bombas Atômicas.


Foram detonadas aproximadamente 38 bombas atômicas por ano em 53 anos de incessante bombardeio nuclear por parte de governos, militares e cientistas, de várias nacionalidades e crenças, que despejaram sobre o planeta, seja nas profundezas do Oceano Pacífico ou nos desertos da Austrália, dos Estados Unidos ou da Eurásia, seus megatons.


[Há a obra do artista Isao Hashimoto, chamada justamente 1945/1998 que pode ser vista no YouTube e que exibe com precisão de detalhes todas as explosões nucleares]



Não bastassem essas explosões contínuas martelando a crosta terrestre e expelindo radiação, a 2° metade do século XX foi marcada por um modelo de progresso econômico baseado exclusivamente na queima de combustíveis fósseis e no necro extrativismo, o que causou a devastação e contaminação das reservas de água e dos solos.


E foi a indústria química que viralizou com seus comestíveis ultra plastificados e a cartolina dos embutidos; mais um ou outro resquício do cobaia científico ou suas sementes sintéticas e seus venenos biológicos.


Quando era criança, o século XXI era uma promessa. Hoje, é um desafio.


Qual geração é responsável por essa destruição sistemática? A geração que trocou o LP pelo CD ou a geração que descobriu os efeitos farmacêuticos da penicilina e da pílula? Ou a que trocou o pc pelo smarthphone?


E se eu te disser [você não sabia?] que as escolhas cruciais são determinadas pelo mercado e não pelas gerações que estiveram confortavelmente mergulhadas na ilusão de uma tal liberdade de mercado refletida no couro das poltronas de seus automóveis, já sem cds nem I-pods, na frente das telas para consumir, inclusive, mais e mais aparelhos e seus apetrechos?


Entre todas essas gerações, porém, estamos pela 1° vez reconhecendo com veemência a responsabilidade pelas consequências dessas tantas causas acima relacionadas, por não se respeitar aquilo que nos é o suficiente na busca de atingirmos sempre uma maior velocidade na conexão.


E isto não nos fará parar!


Somos, ao menos, três gerações em que estamos testemunhando a extinção de várias espécies animais, vegetais e fúngicas. Espécies das quais nunca saberemos porque são extintas antes de terem serem conhecidas/descobertas pela ciência, entorpecidos que estamos sem saber a qual classe servimos em nossa luta cotidiana pela ascensão social, dispersos pelas maravilhas coloridas em hiper resolução.


E entre os que engolem os recursos e se posicionam no tabuleiro das estratégias há os que abertamente defendem a destruição do planeta pra apostar que pelo menos 1% dos mais ricos escapem para Marte onde, não se sabe... inspirando-me em Wells, germens e vírus, ainda desconhecidos, impeçam a proliferação da vida...



Ricardo Pozzo é poeta nascido na argentina, radicado desde a infância na província de Curitiba. autor dos livros Alvéolos de Petit Pavè (Patuá) e Cidade Industrial (Kotter). agitador cultural, apresentador e curador do Vox Urbe.


contribua com o Movimento Neomarginal: 47087c26-1553-4748-a9e1-a4af19e4da73

Comments


bottom of page