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  • Ricardo Pozzo

O planeta é um organismo



No início da 2° metade do século XX, a NASA contratou uma equipe dos mais renomados cientistas para verificar se havia a possibilidade de vida em Marte.

Um deles, o britânico James Lovelock, e logo a microbióloga Lynn Margulis, descobriram que sim; igual a toda galáxia e o sistema solar, cada planeta também é um organismo em si mesmo e, no casa do planeta Terra, esse organismo está vivo. E, estando vivo, permite a vida.

A essa teoria deu-se o nome de Gaia, a primitiva deusa suprema dos gregos, na era pré patriarcal.

Lovelock faleceu em 2022, aos 103 anos e não tinha ilusões quanto ao destino da humanidade. Em 2006 declarou que ela já havia ultrapassado o ponto de massa crítica, ou seja, o ponto de não retorno do cataclisma climático.

Realmente, estamos com os pés grudados no último grau do acelerador. E isso não nos basta.


Afinal, os brilhos do mercado nos fascinam. Há sempre uma nova quinquilharia de primeira utilidade, que nos faz gastar o que já não nos sobra nesse soldo de mais valia, escravista, do qual depende nosso latifúndio.


Se há embalagens não recicláveis ou se os polímeros irão impermeabilizar o solo, se os gases emitidos pelas chaminés das fábricas e das refinadoras ou pelos jatos supersônicos ou mísseis balísticos estão sufocando os mares e a radioatividade se espalha em Fukushima & Chernobyl nós apenas seguimos as tendências do Mercado.


Nós, seres humanos comuns, cidadãos ou não, das metrópoles, seguimos apenas os rumos aos quais o capitalismo decreta. Cumprimos nossas ordens, fazendo a roda da economia girar. Se a cada mês são inseridos nas ruas brasileiras 150 mil automóveis, em média, é o PIB que tá crescendo. As montadoras não param, o tráfego internacional de aviões nunca foi tão intenso, enquanto isso vamos despejar veneno em nossos alimentos porém 10% nem comida comem.


Somos o exemplo cuspido e escarrado, daquilo que Hanna Arendt denomina a banalidade do mal. Na real, estamos apenas cumprindo as ordens subliminares das propagandas!

É o mercado que ordena: vamos trocar os trens pelos automóveis, substituir o papel pelo plástico, o vidro também, e o vinil pelo cd, e agora, para além do transgênico, o smartphone e a IA.



Ricardo Pozzo é poeta autor dos livros Alvéolos de Petit Pavé e Cidade Industrial. agitador cultural com o famoso evento curitibano Vox Urbe.


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