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  • Graziela Brum

O TUPI GUARANI DE VITOR MIRANDA

por Graziela Brum 


A MOÇA CAMINHA ALADA SOBRE AS PEDRAS DE PARATY




É possível encontrar o Brasil, redescobrir a terra paraíso, perdida em chamas, a terra fome fartura, a fonte da humanidade que recria o mundo, o olho gênese, palavra do que sempre foi e ainda há de ser. O tupi-guarani de Vitor Miranda traz um Brasil que o Brasil ainda não conhece.  No seu mais recente livro, A moça caminha alada sobre as pedras de Paraty, há um fluxo desconexo floema conexo de morte e vida. Poderia se dizer que há uma desconciência, justo porque a linguagem se desdobra e nos leva a desconfiar, que mesmo o autor, desconheça todas as camadas que emergem no desvelar das sobreposições dessa narrativa. Não que o autor não tenha habilidade, pelo contrário, mas existem mundos dentro de mundos dentro de mundos que se faz necessária uma mesa de amigos leitores vorazes de todas as vertentes para encarar a missão de entendimento da obra. Impossível! A moça caminha alada sobre as pedras de Paraty sempre terá o que dizer. Verborrágica, decifra o mundo para depois enterrar tudo que ali concluiu, visto porque nessa obra de Vitor não é possível concluir, apenas navegar pelos caminhos pedregosos da cidade histórica. Digo, caminhar, eis o verbo desse livro. Caminhar caminhar. Aqui, torna-se evidente, a realidade é impossível, e só sobrevive-se na poesia. Assim, o texto livro agora sem gênero categoria, é o romance conto, é letra, é música, carimbó, jazz, é poema. A moça alada voa e deixa as pedras, que fiquem em Paraty. Assim, o texto de Vitor se constrói e nos fala dos dramas existenciais, fala do que faremos com o que fazem do Brasil, com o que nos fazem.  Recomendo aqui uma obra que deve ser lida sem compromisso, porque se for levar a sério, vamos ficar loucos de lucidez.


Graziela Brum é de Arroio Grande/RS. Escritora. Idealizou o projeto literário Senhoras Obscenas junto com a historiadora Adrianá Caló. Participou do coletivo Escritorxs de Quinta, venceu o concurso ProAc categoria romance com o texto “Fumaça”. Publicou com Editor Lumme “Vejo Girassóis em você”. Lançou o romance Jenipará pela Editora Reformatório. Hoje vive em Alter do Chão onde montou o espaço de vivência artística Campo de Heliantos.

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